terça-feira, 28 de julho de 2009

CLB 2009

Se você é um daquele muitos que pensa que copa só tem haver com esportes - mais especificamente futebol - está redondamente enganado, etsá acontecendo agora mesmo a CLB Copa de Literatura Brasileira! O site de letras & artes plásticas Arlequinal está lançando um promoção na qual vc pode ganhar livros.Basta conferir quais são os participantes da CLB2009, chutar qual você acha que será o vencedor e indicar que livro você quer ganhar caso acerte o palpite. facinho, facinho, né? Então aproveita e participa. Nâo é todo dia que se pode ganhar livro de graça, né?
Mais detalhes em: http://arlequinal.com.br/promocao-clb-2009/

Luisa Freire

domingo, 19 de julho de 2009

Um pequeno cantarolo numa grande cortina de ferro

Eu lembro que foi na época da grande depressão russa que ouvi pela primeira vez esse pequeno cantarolo que, por minha ignorância, não consegui decifrar, mas ao menos uma parte eu entendi e dizia assim: “Deus você esqueceu de nós/ Por que você esqueceu de nós?”
Forcei a vista quando percebi que o som ficava mais forte e – para minha surpresa – vi que era apenas um menino andando em meio à neve, não sabia o que ele procurava, apenas compreendia sua angustia, havia muita gente morrendo de fome e outros – para sobreviver – vinham praticando atos horríveis como canibalismo.
Aproximei-me dele e pergunte:
- Onde você mora menino?
- Avenida Peresburgo casa 89
Respondeu-me meio sem graça.
- Vamos até sua casa então.
- Não dá! – Falou alto e apressadamente.
Estranhei sua resposta e perguntei por que, ele abaixou a cabeça, contraiu a face - que logo se tornou vermelha - e começou a chorar.
- Comeram a minha família.
Disse com dificuldade enquanto soluçava e me mostrou o dedo anelar que não estava lá.
- Mas que horrível! – Eu disse – Garoto você está com fome.
Balançou a cabeça afirmando, então e falei:
- Vamos para minha casa, eu te garanto que lá sempre terá um prato a mais para que tem fome, mas antes quero lhe perguntar uma coisa.
- Pergunte!
Disse o garoto parecendo mais esperançoso.
- qual seu nome?
- Ivan Markovhis. – e logo depois disse timidamente – Senhor, posso lhe fazer uma pergunta?
- sim.
- qual o seu nome?
-Ygor Braknóvia
Terminada a conversa fomos a norte da avenida principal e a criança recomeçou a cantarolar aquela musica.
Quando chegamos a minha casa ele se espantou com meus filhos, pois, em meia a depressão, todos ainda estava gordinhos e corados.
Ivan passou um bom tempo conosco, e eu até comecei a sentir certo afeto pelo menino. Minha esposa costumava incitá-lo a comer algo toda vez que o via, e ele logo deixou de ser aquele menino magricela que eu encontrara em meio à neve.
Mas estes dias tranqüilos passaram rapidamente e um inverno arrebatador anuncia chegar. Lembro-me daquele dia como se fosse hoje, recordo de cada palavra dita e sempre me pergunto se teria sido diferente se Ivan não tivesse aberto a geladeira e visto toda aquela carne. Lembro que ele a abriu e perguntou:
- Senhor Igor, o senhor gosta de comer pessoas?
- Não.
- Então de onde vem toda essa carne?
Ele era um menino esperto e eu não tinha como lhe esconder a verdade, então disse:
- Desculpe-me Ivan, mas naquela noite não deveria tê-lo deixado escapar.
- O senhor vai me comer? – perguntou ele com os olhos arregalados, mas ele já sabia a resposta.
- Não tenho escolha.
- Porque o senhor tem que me matar?
- Você sabe demais.
- Por favor, não e mate! Eu não falo pra ninguém! Sou um menino bonzinho! - Ele implorou chorando.
- Não Ivan, o inverno já esta chegando e com mais você nó ficaremos sem nada para comer.
Ele enxugou ou olhos e disse corajosamente:
- Se é dessa forma que serei útil então que assim seja, senhor.
- De novo, desculpe-me Ivan.
Peguei uma grossa lasca de madeira que tinha atrás do sofá e o matei com apenas um golpe desferido na cabeça.
Enquanto estripava a criança – tirando-lhe órgão, restos de comida e coliformes fecais – uma grande dor de choro me veio a mente e como eu só sabia essa parte comecei a cantar: “Deus, você esqueceu de nó/ Por que esqueceu de nós/ Deus você esqueceu de nó/ Por que esqueceu de nós?”


Diogo de Castro

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Penssamento de um quase morto

Como será o céu? Será ele cheio de alegria? Será ele cheio ele pudor? Será... O que acontecerá no meu enterro? Eu acho que pequena parte de minha família e talvez alguns poucos amigos vão aparecer, só os mais íntimos, pois vivi uma vida de solidão, me enclausurando em um quarto, quase não via o céu, não que não gostasse dele, mas o céu noturno sempre me pareceu o mais bonito e as luzes da cidade ofuscam por demasiado as estrelas. Agora, com minha vida resumida á um teto de gesso branco, não consigo mais vê-las, só gostaria de ver pela ultima vez as que só hoje vão me encantar, pois olhos cansados como os meus, mãos tremulas, voz fraca não agüentam mais ficar silenciando minha dor, para pelo menos ter alguns minutos de paz e harmonia com minha sanidade pelo menos antes que religuem a morfina.
Antes que minha morte se tenha a uma insanidade mutua sobre acontecimentos passados e o meu presente ingrato, quero deixar um poema:

“Bem criado, pois sou filho do norte
Não sou fraco nem forte
Mas se a vida amei
Quero te amor morte”
Diogo de castro